HUNGER (2008) de Steve McQueen
O debutante realizador Steve McQueen apresenta-nos a história verídica de Bobby Sands e um grupo de activistas do IRA que, enquanto reclusos de uma prisão no Norte da Irlanda, fizeram uma marcante greve de fome no início da década de 1980. Confesso que a palavra arrepiante é muito pequena e simplista para caracterizar toda a brutalidade trazida ao ecrã por este filme. É verdade que os acontecimentos são filmados de uma forma artisticamente cinematográfica, mas em vez da utilização das mais do que batidas e monótonas técnicas do realismo social, McQueen opta por gravar longas sequências de uma beleza primorosa, em contraste com cenas da mais pura violência e desumanidade. Por seu lado, Fassbender, na pele do famoso activista do IRA, oferece-nos um desempenho muito mais profundo do que o físico: um personagem ultra magnético e teimoso mas, acima de tudo, um apaixonado capaz de empregar o corpo (vida) como manifesto da sua causa. Em último recurso, considero esta película uma extensa exploração dos limites do corpo e da mente humana.
(8,5/10)
16 comentários:
Um dos melhores de 2008.
o parece bom em cara
quer saber de cannes? entra la nu blog hehehe
abraçoo
Sou um grande fã deste HUNGER — um filme que merece descoberta urgente por quem ainda não o fez.
Abraço.
Gostei muito deste filme, a sequência do diálogo é fabulosa, grandes interpretações.
Filipe, cuidado com a afirmação "debutante realizador". Este Steve McQueen não é um novato na arte de filmar. Já tem vários trabalhos realizados embora feitos para galerias e museus. A questão aqui é perceber se esses trabalhos podem ser considerados cinema. O que, por sua vez, nos levaria a ter que discutir o que é isso de cinema e quais os seus limites para deixar de ser considerado como tal.
Quanto ao resto da tua crítica, concordo com ela. E acrescentaria ainda que é uma pena que já quase não existam realizadores que consigam equilibrar tão bem o lado estilistico de cada plano com o lado narrativo de um filme como acontece neste filme.
Hg, obrigado pelo esclarecimento. Realmente, não tinha conhecimento que Steve McQueen já possui vários trabalhos noutras vertentes. De facto, a quaildade deste filme não se coaduna com um novato à frente das cameras ;)
Raquel, o diálogo com o padre é excepcional em todos os sentidos. Parece-me que foi feito num só take. É uma cena clássica!
Álvaro e Sam, juntamente com o Doubt terá sido um dos melhores trabalhos de 2008. Concordo!
Airton, vou fazer uma visita. Obrigado.
Olá Filipe
Este deve ser um filme bastante chocante. QUERO CONFERIR! Valeu pela dica =D
abraços e até mais.
Filipe, a sequência foi, realmente, feita num só take de +/- 17 minutos e, aparentemente, é um recorde.
Abraço.
Sam: tenho algumas dúvidas quanto à questão do recorde. Basta recordar o Arca Russa, do Sokurov, que é todo ele (o filme) feito num só take. E julgo que ultrapassa os 90 minutos.
E que dizer do Timecode, do Figgis, com ecrã dividido em quatro, composto por quatro planos contínuos de 90 minutos cada um?
Mas há mais...
Caro hg,
são dois títulos bem citados e excelentes exemplos das potencialidades do plano-sequência, contudo disse recorde na sua contextualização em filmes que não fazem do take único a sua "essência".
Para além dos que referiste, não esquecer THE ROPE, do mestre Hitchcock.
Obrigado pelo debate.
Cumps. cinéfilos.
Sam,
Se estivermos a falar de filmes que não são todos eles integralmente um plano único talvez tenhas razão ao afirmar que esse plano de Hunger é um recorde.
Não falei do Rope, do Hitchcock, por ele não ser, realmente, um filme de plano único como muita gente erradamente pensa. O Hitchcock na altura em que fez o filme estava limitado pelas bobines de película que tinham um limite fisíco de 10 minutos. Pelo que, nesse filme, a cada 10 minutos a câmara começava a sentir uma estranha atracção pelas costas das personagens. :)
Cumps,
hg
Caramba, não vejo a hora de conferir esse filme, todos só falam bem. E o pior é que não chegou por aqui no Brasil ainda.
Caros Sam e Hg,
Falaram num conjunto de filmes que ainda não tive a oportunidade de ver... Aqui se nota algumas das minhas "falhas" no que respeita a alguns títulos obrigatórios da história do cinema. Obrigado pelo interessante debate. Já tenho excelentes orientações para os meus próximos visionamentos :) Abraços!
Quero muito ver. Vi outro recentemente que retratava o tempo do IRA numa história verídica também - o bom "O Espião".
Dos filmes que mais tive pena de perder o ano passado no cinema. Agora é tentar vê-lo em dvd.
abraço
Filmaço, comentei no meu blog, gostei pra caramba, muito bem realizado, de resultado primoroso!
Abs! Diego!
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