domingo, 14 de dezembro de 2008

A insensibilidade emocional de Kubrick…

Quem me conhece pessoalmente sabe que um dos meus realizadores predilectos é, sem dúvida, Stanley Kubrick. Ainda no outro dia revi o magnífico Eyes Wide Shut, o último filme deste realizador de “todos os tempos”. Por acaso, possuo a edição especial em dois discos, recentemente lançada em Portugal. É evidente que, depois de visionar a película, não consegui suportar a tentação de analisar o disco dos extras. Para além dos habituais documentários e trailers, houve algo que me chamou a atenção: um excerto de uma entrevista a Steven Spielberg, em que este fala sobre a maior crítica que é apontada a Kubrick: a frieza emocional presente nos seus filmes… Fiquei chocado! A frieza emocional dos seus filmes?! Esta é demais! Tal como disse, e muito bem, Spielberg, Kubrik foi capaz de criar uma das cenas mais emocionais da história do cinema, referindo-se concretamente à cena final de Paths Of Glory de 1957. Infelizmente, tratava-se dos poucos filmes ainda não vistos por mim do realizador em questão, mas não preciso de enumerar a quantidade de momentos verdadeiramente emocionais que trespassam a sua pequena filmografia. No entanto, por aquela cena ter sido concretamente mencionada, fiquei extremamente curioso para ver, o quanto antes, a película em causa. E não perdi muito tempo…

Devo afirmar que a fita superou todas as minhas expectativas (trata-se de uma obra-prima), mas não pretendo, neste momento, fazer nenhuma análise do filme, mas simplesmente focar-me nos seus últimos cinco minutos. Não sou de chorar ao ver cinema, no entanto, confesso que os meus olhos chegaram a iniciar todo o processo inerente à formação daquilo que se costuma a denominar por lágrima… Sem querer esmiuçar a cena, por respeito àqueles que ainda não a viram, posso-vos adiantar que é verdadeiramente impressionante!


Quando a jovem alemã começa a cantar, jorrando lágrimas do rosto, no meio do barulho ensurdecedor dos assobios dos soldados, é nessa altura que também estes se apercebem de como foram forçados a fazerem coisas inimagináveis perante enorme perigo e pressão, levando-os gradualmente ao silêncio na sala: a solidariedade, a identificação, e até o reconhecimento de que, independentemente das nossas diferenças, existe sempre algo que nos liga como seres humanos… Sem dúvida, Kubrick no seu melhor. Cena clássica!

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda não vi este filme, mas se Kirk Douglas entra é porque deve ser muito bom! O filme é mesmo a preto e branco?

Filipe Machado disse...

Sim, é a preto e branco. Todavia, garanto que não é o desempenho de Kirk Douglas que faz do filme uma obra-prima, apesar da sua excelente interpretação. Aconselho a todos o seu visionamento!