domingo, 28 de dezembro de 2008

The Fountain


Esta publicação serve apenas para não deixar passar incólume uma das mais valiosas obras do cinema contemporâneo. Uma verdadeira obra-prima, visualmente incrível, emocionalmente épica. Não apenas um filme, mas sim uma experiência de uma grandiosidade e de uma beleza profundamente espiritual e transcendentemente harmoniosa. The Fountain (2006), realizado pelo génio Darren Aronofsky, retrata uma história de amor em três dimensões espaciais e temporais distintas, ou seja, no passado (América do Sul), no presente (Nova York) e no futuro (Espaço). Um conquistador, um investigador e um aventureiro que lutam desesperadamente para salvar a amada da morte. A sua obsessão é a Árvore da Vida. Para o primeiro um lenda, para o segundo uma hipótese de salvação e para o terceiro, a solução.

Cada um dos três ambientes foi minuciosamente construido, e Aronofsky consegue interligá-los sem arruinar a sua especificidade. Estes três planos de existência estão unidos por um amor comum, Isabel. Porém, o amor aqui é algo muito mais abrangente. É ele o motor da vida. Preservá-lo é alcançar a perpetuidade. E perante o carácter finito da existência, questionamo-nos: será que a morte é parte integrante da vida ou é uma doença, como outra qualquer, para a qual ainda não encontrámos a cura? The Fountain debruça-se sobre todos estes elementos sempre muito dúbios, como a transcendência, a ideia do sentido da vida, a imortalidade da alma, o amor como veículo de ciclos e a aceitação da perda. Por isso mesmo, nada nos prepara para o impacto que absorvemos com este filme.

Hugh Jackman e Rachel Weisz têm aqui interpretações perturbantes, de uma credibilidade e de um fascínio que nos fazem sofrer enquanto observadores privilegiados de uma luta pela conquista de um amor infinito, de um amor maior que a existência física. É a fusão daqueles dois seres que, de forma tão intensa no plano terreno, provoca o seu desenvolvimento afectivo no plano espiritual. Todos os aspectos esotéricos desta película são grandiosamente dissecados, fazendo-nos crer na possibilidade do encontro absoluto com a verdade e com o achado totalitário da existência do ser.
Darren Aronofsky criou uma das mais ricas obras do cinema, em que os efeitos especiais são também um instrumento sempre superiormente utilizado, assim como a fantástica banda sonora de Clint Mansell que muito contribui para o crescendo final simultaneamente sereno, inquietante e absolutamente estrondoso.

Resta dizer que, The Fountain, é perfeito. Uma das criações artísticas mais importantes e maravilhosas de sempre. Trata-se de uma experiência verdadeiramente estimulante e hipnotizante, repleta de criatividade e originalidade, que vai muito além da beleza das imagens, das interpretações e do argumento: atinge a nossa índole, a nossa alma, tal é a monumentalidade e a obscuridade do desfecho da sua criação.
É certamente um dos meus preferidos filmes de sempre, daqueles que veneramos instintivamente. Daqueles filmes que nos fazem questionar o sentido da vida…
9,5/10

7 comentários:

Loot disse...

Hugh Jackman tem até à data o papel da vida dele neste filme, absolutamente arrepiante.

Adoro Aronofsky já "requiem for a dream" é um dos filmes da minha vida.
"The fountain" é um filme surreal e apaixonante um filme muito sensorial onde para isso contribui muito a banda sonora de Clint Mansell.

Se gostaste do filme aconselho também a leitura da BD.

E que venha agora o The Wrestler :D

Filipe Machado disse...

Caro José Gabriel Martins,

Devo confessar que fiz este artigo após ter reparado no teu artigo sobre a BD. Obrigado pelo conselho relativamente à leitura da BD, vou tentar encontrá-la... Em relação ao The Wrestler, as minhas expectativas são altíssimas, a ver vamos...
Requiem For a Dream é outra das minhas referências cinéfilas, excelente filme, aconselho a todos o seu visionamento! Abraço!

Anónimo disse...

Após a leitura desta crítica, tenho que rever o filme. Penso que não lhe atribuí o devido valor!

Maria das Mercês disse...

Nunca vi este filme. Qualquer dia peço-vos o DVd emprestado. Quanto à sondagem, só vi 2 dos 4 filmes, não posso votar. Tudo porque sou maricas e tenho terror de filmes de terror! :)

Unknown disse...

Eu sou mais fã dos primeiros dois filmes de Aronofsky - "Pi" e "Requiem for a Dream".

Filipe Machado disse...

Devo dizer que qualquer filme realizado por Aronofsky é uma obra perfeita! The Wrestler, por aquilo que já me apercebi, terá definitivamente o reconhecimento que este "génio" do cinema já merece há muito tempo!!

Abraço!

Anita disse...

Um dos meus preferidos igualmente apesar de também preferir os dois primeiros!!!